A Beleza e a Natureza
Meio Ambiente

A Beleza e a Natureza

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Os primeiros contatos de nossos ancestrais com o mundo que os cercava deve ter sido, no início de nossa era, penoso e assustador. Raios, trovões, chuvas torrenciais, inundações, erupções vulcânicas, feras à cata de alimento, devem ter causado terror aos primeiros hominídeos que habitaram o nosso planeta. Com a descoberta das primeiras ferramentas e armas, e o incessante crescimento do cérebro humano, um entendimento mínimo das leis naturais deve ter-se iniciado, e o terror inicial deve ter dado uma segurança maior aos então habitantes deste belíssimo e único planeta.

Com a descoberta da agricultura, há cerca de 10.000 anos, os homens passaram de nômades à procura de alimento, a seres sedentários à espera da próxima safra. Os historiadores alegam que esta parada deu margem à socialização das pessoas, a formação de cidades, e a construção de artefatos como ferramentas, casas, utensílios domésticos, a domesticação de animais, e inventos que mudariam toda a história da humanidade, como o arado, há cerca de 4.000 AC e a roda, inventada por volta de 3300 AC.

Antes disto tudo, no entanto, a evidência fóssil indica que já há 40.000 anos o homem perdeu o temor pela natureza, e aos poucos foi percebendo nela a beleza do mundo que o cercava. As pinturas rupestres encontradas na caverna de Lascaux, na França, mostram a comunhão que os antigos frequentadores tinham com animais, pintando-os nas paredes do local, onde também foram encontradas estatuetas, flautas, colares. A procura pela beleza sem dúvidas fazia parte do dia a dia daquelas pessoas, que podem ser considerados os primeiros artistas da história, escultores, pintores e músicos.

A busca pela beleza tornou-se prioridade para o ser humano

Durante o auge da civilização grega, no século V a.C., a busca pela beleza atingiu seu maior esplendor, e surgiram naquele país palácios, estátuas, teatros, anfiteatros, que são imitados até hoje por sua pujança e majestade. Nas letras e na filosofia surgiram Aristóteles, Sócrates, as peças de Sófocles, e Heródoto é considerado o pai da história. Nas ciências, a herança de Arquimedes e Euclides é até hoje ensinada em nossas escolas. Eratóstenes, usando algumas varas de madeira, calculou o equador da Terra em 40.000 km, uma precisão incrível para o número correto, de 40.075 km.  

A fantástica busca da beleza a partir daí, nunca cessou, e sempre foi uma prioridade do ser humano, e propiciou grandes feitos como as pirâmides do Egito, os palácios e estátuas gregas, as catedrais medievais, os pintores italianos, Mozart, Shakespeare, Beethoven, Rodin, Leonardo da Vinci, João Guimarães Rosa, e tantos outros gênios que elevaram sobremaneira a confiança da humanidade em si própria.

Mas o que, finalmente, é a beleza?

Os gregos a definiam como a condição em que tudo se encaixa com plenitude, seja um prédio, uma teoria científica ou um quadro. Outros a definem com a procura das formas perfeitas. O filósofo Huberto Rohden a vê como a expressão emocional da verdade, definindo a verdade como a total harmonia entre o ser e o ambiente que o cerca. Para Read, a arte, ou a procura da beleza, é a indefinição da matéria à procura do ritmo da vida. A estética, a beleza, estaria assim intimamente ligada à vida, à natureza. E quase sempre foi assim, se considerarmos a produção artística de gênios como Van Gogh, Corot, Turner, Manet, Pissarro e tantos outros que pintaram e exprimiram suas emoções perante o espetáculo exuberante da vida e seu desenvolvimento no planeta, sem esquecer a Sexta Sinfonia de Beethoven, com suas cascatas, trovões e depois a deliciosa paz dos regatos e da luz do sol iluminando a vida na Terra.

Com a crescente urbanização da população e seu forçado afastamento da natureza selvagem e intocada, cresceu um tipo de “arte” totalmente alienada, e hoje obras como carros amassados, corpos humanos de plástico com as vísceras à mostra, cubos de metal sobre espelhos sujos, conjuntos de pessoas nuas na rua, chocam os observadores e críticos. A mensagem parece clara; nós artistas não temos emoções a descrever, não podemos mais chocá-los com a beleza, então vamos chocá-los com o feio, o vazio, o inerte, o insignificante, o cáustico, e revelar o óbvio: perdemos o elo que nos unia ao transcendente, ao único, ao cosmos, à vida. Perdemos a paixão….

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