
Inteligência Animal
A inteligência pode ser definida como a capacidade de resolver desafios novos baseada na consulta a situações anteriores acumuladas na memória. O aparecimento dela na raça humana é retratada com genialidade no filme “Odisseia no espaço”, de Stanley Kubrick, em que um hominídeo primevo apanha um longo osso no chão e descobre que ele pode lhe servir de arma, e começa a golpear com ele as pedras vizinhas. A inteligência, neste contexto, seria a capacidade de usar o ambiente em benefício próprio.
A evidência fóssil indica que há cerca de 2,5 milhões de anos, nossos antepassados fizeram suas primeiras ferramentas, machados rudimentares usados para retirar carne de ossos e quebrar frutos e sementes. A caça sistemática a grandes animais começou há 400.000 anos, e o uso cotidiano do fogo apareceu há cerca de 300.000 anos atrás. A partir destas demonstrações cabais de comunhão com o ambiente no sentido de tirar proveito dele e melhorar sua qualidade de vida, e cercado por um mundo cheio de oportunidades, a inteligência humana desenvolveu-se de maneira acelerada e contínua, e hoje, cercados por aparelhos eletrônicos, aviões, telescópios em órbita na Terra revelando segredos do Universo, usinas nucleares e avanços espetaculares na medicina, poucas pessoas se dão conta de quão revolucionário foi este processo, que fez do homem o poderoso gestor da espaçonave Terra.
Os animais, no entanto, não ficaram para trás, e hoje pesquisas crescentes revelam dados espantosos sobre a inteligência de outras formas de vida. Os golfinhos, por exemplo, foram filmados no Caribe cercando um cardume de peixinhos com a lama espalhada na água pelo movimento de seus rabos no fundo. Tentando fugir da turbidez pulando por cima da superfície, os peixes caíam já na boca dos espertos golfinhos, que os aguardavam fora da cerca de água turva.
O abutre comedor de ossos
Nas montanhas europeias e africanas, vive um abutre chamado de abutre-de-barba, ou abutre de cordeiros, especializado em comer ossos. Quando os acha, em despojos deixados por urubus e outros animais, carrega-os a grande altura e os solta sobre pedras, para que quebrem. O abutre então pousa rapidamente e come primeiro o tutano, e depois os ossos espatifados pela queda. Costuma fazer o mesmo com tartarugas. Diz a História que Ésquilo, o grande dramaturgo grego, tendo recebido profecias de que morreria pela queda de algo sobre si, passou a evitar casas e construções, e, em pleno ar livre, morreu após ter sido atingido por uma tartaruga na cabeça, provavelmente lançada por um abutre-de-barba.
O incrível sistema de localização dos morcegos
Morcegos são sempre citados quando o assunto é inteligência animal. Criaturas noturnas, eles caçam à noite, o que lhes dá a vantagem de concorrência menor, mas a visão, usada pelos concorrentes pássaros, se torna inútil. Desenvolveram então um sistema de localização dos alvos baseado na emissão e recepção de ultra som, um som de alta frequência não percebido pelos ouvidos humanos, copiado pelos cientistas que desenvolveram o radar e o sonar, que permitem a localização de aeronaves no ar e submarinos submersos. Em caça, a face do morcego se torna uma emissora poderosa de ultra som na direção almejada, e o cérebro do animal se torna um super elaborado centro de tecnologia encarregado de calcular a velocidade de aproximação do alvo, sua direção, e o curso e a velocidade que ele deve manter para efetuar a captura, tudo baseado no eco das ondas por ele emitidas e continuamente recebidas e processadas, tudo em questão de segundos.
Ainda mais elaborado é o sistema de navegação usado pelos chamados peixes-elétricos fracos, assim chamados para não serem confundidos com os fortes, que usam descargas elétricas para atordoar suas vítimas. Os primeiros, que frequentam rios de águas turvas, que impedem o uso eficiente da visão, exploram o comportamento de campos elétricos formados na água, técnica esta que ainda não foi explicada pelos cientistas.
Várias espécies de morcegos e peixes elétricos existem no Brasil. Também temos criaturas portadoras de inteligência mais ardilosa, como os bem-te-vis, que costumam pousar nas margens de pequenas lagoas, e se por em posição de defecar na água vizinha. Quando os peixinhos curiosos acorrem ao local, atraídos pelo som de algo caindo na superfície, são vorazmente comidos pela esperta ave. Tudo muito humano…
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