
A Genética e o futuro
Conforme foi visto em artigo anterior, “Evolução e Genética”, o DNA foi descoberto em 1953, e logo tido como o responsável pela transferência de traços hereditários de um ser vivo a outro. Em 1954, foi desvendada a estrutura do DNA humano, e em 2003 foi mapeado todo o genoma humano, isto é, os 23 pares de cromossomos e os 27.000 genes que compõem a herança genética de cada um de nós. O processo levou 15 anos e custou 3 bilhões de dólares.
O progresso na genética foi acompanhado pelo vigoroso desenvolvimento da medicina reprodutiva, e em julho de 1978 nascia na Inglaterra, Louise, a primeira criança nascida por fertilização in vitro na História. No Brasil, em 1984, nascia Anna Paula, perto de Curitiba, também concebida em fertilização de proveta, a primeira no país. Desde então, 300.000 crianças já nasceram usando este método no Brasil, e mais de 5 milhões pelo mundo afora, trazendo alegria a mães que, por vários motivos, não podiam ter filhos.
Seguindo o enorme desenvolvimento da medicina e da genética, logo surgiu a engenharia genética, definida como a possibilidade de cientistas alterarem ou adicionarem genes específicos no material genético de um ser vivo, de modo que ele nasça com características novas. E logo uma avalanche de animais e plantas geneticamente modificados surgiu em todo o mundo capaz de usar a cara e sofisticada tecnologia disponível.
Em 2000, ocorreu um caso icônico, o bio-artista brasileiro Eduardo Kac encomendou e obteve em um laboratório francês uma coelha verde fluorescente, que brilha no escuro. Os cientistas encarregados usaram o embrião de uma coelha comum e implantaram em seu DNA um gene tirado de um tipo fluorescente de água-viva. A coelha recebeu o nome de Alba e foi sucesso no mundo inteiro.
Nos supermercados, apareceram no dia a dia dos consumidores artigos geneticamente modificados, como tomates, frangos, soja, milho, mangas, e nos EE UU pesquisas tentam diminuir a gordura saturada da carne de porco e bacon com implantes genéticos de um verme, o que aumentaria o teor de gordura saudável, o ômega 3. Na China, o Instituto Beijing anunciou o início das vendas de porquinhos editados geneticamente, com o peso máximo de 15 kg quando adultos, para avaliar o mercado e verificar a aceitação do público. O assunto, no entanto, vira um debate interminável sobre ética e limites à ação da ciência quando se menciona a possibilidade de alterar o genoma humano.
O uso da engenharia genética na cura de doenças
As possibilidades da engenharia genética para a cura de doenças, no entanto, parece muito promissora. Recentemente, um tratamento de edição de genes realizado em Londres, salvou a menina Layla, portadora de um tipo agressivo de leucemia linfoide aguda. Os médicos usaram linfócitos T colhidos de doadores saudáveis, e, com ferramentas moleculares, genes específicos são eliminados e elas se tornam inertes a drogas poderosas contra a doença, que assim passaram a agir só contra as células leucêmicas.

Na Inglaterra, cientistas pediram ao governo permissão para alterar genes de embriões para experiências destinadas a conhecer os primeiros estágios do desenvolvimento humano. Em todo o mundo, os cientistas debatem o potencial uso da tecnologia genética conhecida como CRISPR-Cas9, que lhes permite alterar qualquer gene do DNA, inclusive em embriões humanos. Isto permitiria a alterar ou substituir defeitos genéticos, como os responsáveis por vário tipos de câncer, doença de Huntington, anemia falciforme, fibrose cística, mal de Tay-Sachs, e outros.
Em Outubro deste ano, mais notícias auspiciosas surgiram na entrega dos Prêmios Nobel de medicina. O sueco Tomas Lindahl, descobriu um mecanismo molecular que dificulta a degeneração de nosso DNA, o americano Paul Modrich desvendou o mecanismo usado pelas células para corrigir erros na replicação do DNA, e o turco Aziz Sancar explicou os processos de defesa do DNA, que preservam nossa carga genética. O célere desenvolvimento da genética e suas aplicações serão por certo alvo de discussões acaloradas no futuro próximo, mas cientistas mais ousados já preveem, num futuro não tão distante, homens nascidos com um pacote de genes “Agebuster”, que prolongam por centenas de anos a vida humana, partirem para planetas na Via Láctea e além, explorar milhares de mundos diferentes e pulverizar o universo com milhares de espécies com pouca semelhança à que deu origem a tudo, na distante e colorida Terra…
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