Os Jovens e o Meio Ambiente
Meio Ambiente

Os Jovens e o Meio Ambiente

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As projeções para o futuro, na questão ambiental, não mostram um panorama muito auspicioso. Os meios de comunicação trazem todos os dias notícias preocupantes sobre a seca que se abate sobre o Sudeste, o efeito estufa, a bestial derrubada da floresta amazônica, a desertificação do Nordeste, o aumento das espécies em vias de extinção, a poluição do ar e da água, racionamento de energia, e outros que trazem preocupação àqueles que vão herdar o planeta nas próximas gerações, os jovens.

A outrora pujante Mata Atlântica foi reduzida a 8% do maravilhoso ecossistema original que se espalhava do Nordeste ao Rio Grande do Sul desde 1500, e apontado como o maior detentor de espécies vivas do planeta. A devastação continua, e o campeão deste certame funesto é o estado de Minas Gerais, com 3.379 hectares destruídos no biênio 2017/2018. A extração vegetal para a produção de carvão, as queimadas para a expansão agrícola, e a falta de vontade política do governo de salvar o que restou explicam o desastre. A crise hídrica parece estar ligada, pelo menos em parte, à supressão daquela imensa floresta, pois sabe-se que cada árvore libera 300 litros de água por dia no ambiente ou 200.000 L por hectare. Os ventos marinhos que correm para o interior agora chegam sem nenhuma água para ser condensada na atmosfera fria e causar a chuva, pois a fonte, a floresta, foi derrubada.

No Sudeste, cientistas declaram que a culpa pela falta de chuvas é a obscena derrubada da floresta amazônica, que perdeu 240.000 km² nos últimos dez anos, (quase a área do estado de São Paulo, que tem 248.000 km²) e os ventos que dela sopram para o Sul, já não trazem a água necessária a chuvas copiosas. A água da chuva também não é mais armazenada no subsolo para depois alimentar os córregos, pois no terreno desflorestado ela corre sob forma de enxurradas, que causa desastres em áreas urbanas e assoreamento dos rios na área rural.

Já em 2010, a ANA, Agencia Nacional de Águas, detectava uma acentuada queda na vazão do Rio Doce, menos de 200 m³/s, três vezes menor do que a média de 550 m³ do ano anterior. O aquecimento global também tem neste fenômeno uma de suas causas, pois ao mesmo tempo que as queimadas liberam 300 t de CO2 por ha, a floresta calcinada deixa de absorver cerca de 200 toneladas de CO2 por ha, um prejuízo ambiental duplo. O quadro tende a piorar, pois não se apresentam possíveis soluções para estes problemas, as queimadas continuam e a Mata Atlântica logo será uma lembrança amarga.

Com a presente crise hídrica que atormenta os habitantes do Sudeste e Nordeste brasileiros, o aquecimento global pede licença e entra em nossos lares, atingindo nosso conforto e derrubando preconceitos, como aquele que dizia que o Brasil é o maior detentor de água doce do mundo. Em Janeiro de 2015 a média diária de temperatura no estado de Minas Gerais ficou 4 graus acima do normal, a maior desde 1912. A outra mensagem é bem clara; é proibido se omitir, porque todos nós somos, doravante, responsáveis pelos acontecimentos, bons ou maus.

A força que impulsiona a comunidade

Em todas as sociedades, os jovens despontam como a força motriz da comunidade, exigindo sempre mais atenção governamental, mais responsabilidade das autoridades, mais envolvimento dos cidadãos na gerência da coisa pública. Hoje, no Brasil, talvez enojados com a política devido à diarreia diária de notícias nauseabundas sobre as roubalheiras em todas as esferas do poder, os jovens se afastam de qualquer envolvimento, abrindo mão de seus direitos, talvez deveres, em uma sociedade democrática, e se esquecem do ideal a eles deixado pelos estudantes da rebelião estudantil de Paris, em Maio de 1968; “Seja realista, exija o impossível.”

Em Governador Valadares, temos universidades, faculdades, mas os estudantes parecem ainda não ter percebido o imenso abacaxi que as gerações passadas lhes está deixando; um mundo mais seco, mais sujo, mais árido, mais pobre e com o esplendor da vida resumido aos frangos congelados e sardinhas enlatadas. É preciso acordar, exigir do governo estadual a proibição definitiva das queimadas, a construção urgente de usinas de tratamento de esgoto, cobrar a aplicação do Código Florestal e a preservação de 20% de qualquer propriedade rural, a procura por fontes de energia mais limpas, lotar as caixas postais eletrônicas de deputados, vereadores, prefeitos com exigências mínimas de sustentabilidade, plantar árvores em mutirão, chamar a atenção do vizinho lambão que não separa o lixo reciclável, fazer mutirões de limpeza do Rio Doce.

Com a pressão popular, a coisa melhora; o estado de Rio de Janeiro zerou a derrubada de Mata Atlântica, a população de tigres da Índia aumentou 30% em quatro anos, e a população de pandas selvagens da China, onde a caça destes animais é punida com a pena de morte, aumentou em 268 indivíduos desde 2003, e agora são 1.864. Em 1985, após intensa e feroz campanha pública que enviava diariamente milhares de cartas aos deputados e senadores, e o apedrejamento de funcionários da empresa responsável, foi extinta a pesca da baleia no Brasil. Os estudantes foram os maiores responsáveis pelo acontecimento memorável. A eles dedicamos os versos de Mário Quintana: “Se as coisas são inatingíveis… ora! Não é motivo para não querê-las… Que tristes os caminhos, se não fora A presença distante das estrelas!”.

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