Reciclagem
Meio Ambiente

Reciclagem

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Em tempos de emergência planetária, com o aquecimento global se tornando uma ameaça concreta, o assunto reciclagem do lixo e dejetos industriais se destaca na imprensa de todos os países. 

Historicamente, houve um enorme progresso na coleta e disposição do lixo desde o Brasil colônia até os dias atuais. Naquela época, no Rio de Janeiro, o lixo nas cidades era simplesmente jogado na rua, animais de todos os tipos chafurdavam nele, urubus e porcos disputavam os dejetos, o mau-cheiro era a norma, e os esgotos domésticos eram coletados por escravos que, com barris atados às costas, levavam os resíduos que eram jogados nas praias. Até 1840, um matadouro funcionava normalmente na praia de Santa Luzia, no centro. Sangue, vísceras, restos de animais mortos eram lançados diretamente na orla, segundo informa o historiador Nireu Cavalcanti, da UFF. A convivência com o lixo atravessou séculos, só nos séculos 18, 19 e 20 as sociedades foram desenvolvendo o arcabouço de leis, códigos e instituições públicas que permitissem a valorização do espaço público como praças, jardins e praias e seu usufruto pelo povo. 

A situação só mudou com a chegada da corte portuguesa ao Brasil, em 1808, e já em 1863 o Rio era a segunda capital do mundo a ter um sistema de coleta sanitária, atrás de Londres (1815). À medida que as cidades cresciam, vieram a coleta do lixo domiciliar, e os lixões, que, até pouco tempo atrás eram a norma em todas as cidades brasileiras. Em 2009, foi sancionada em Minas Gerais a lei que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos, que proíbe a destinação de lixo para lixões, obrigando os municípios a construírem aterros sanitários.

A valorização comercial de resíduos de lixo

Com o desenvolvimento da sociedade de consumo, do marketing e da indústria da embalagem, os resíduos passaram a ter valor comercial, o que propiciou o aparecimento da indústria da reciclagem, que cresce ano a ano e hoje no Brasil, fatura R$ 2,5 bilhões por ano reciclando aço, alumínio, papel, plástico e vidro. A coleta seletiva domiciliar se estende a mais de 500 municípios, e em Minas Gerais cerca de 30 provém este serviço, sendo motivo de orgulho para o município de Governador Valadares, apesar de bem mais cara do que a coleta de lixo comum.   

Iniciativas em várias cidades do Brasil tornaram o assunto reciclagem em alvo do interesse de governos e empresas, e em Belo Horizonte a lei 10.534 instituiu uma multa diária de R$ 128 para quem não separa e acondiciona apropriadamente o lixo doméstico de casas, condomínios e empresas. Cerca de 800 t são recolhidos mensalmente na cidade, e destinados a 8 galpões de cooperativas de catadores.

No Ceará, a Coelce, empresa estadual de energia, vem aceitando lixo reciclável como parte do pagamento da conta de luz. Este programa atinge 300 mil clientes, recolheu 10 mil t de resíduos e propiciou à população descontos de mais de um milhão de reais. No Paraná, o município de Curitiba criou dois programas sobre o assunto; o Lixo que Não é Lixo, em que caminhões recolhem lixo reciclável três vezes por semana na cidade, e o Câmbio Verde, que troca lixo por alimentos. A coleta de lixo comum aumentou 28% nos últimos 7 anos, mas a do lixo reciclável cresceu 200%.

Ainda há muito para se fazer, pois o Brasil produz cerca de 200.000 t de lixo por dia, das quais 80.000 t são de recicláveis que são descartados sem aproveitamento. É o mesmo que jogar no lixo 8 bilhões de reais por ano, o PIB da Bolívia.

No mundo, a campeã da reciclagem é a Bélgica, que aproveita 79% de seu lixo, seguida da Holanda, com 74,8%, a Alemanha com 73,4 %. Um grande exemplo vem do Japão, onde a separação é responsabilidade do cidadão, e o aproveitável tem que ser lavado e disposto em sacos transparentes que são recolhidos uma vez por semana. A fiscalização é feita pelos próprios cidadãos. Em Tóquio não existem lixeiras, mas a cidade é rigorosamente limpa.

Nos Estados Unidos, a campeã é São Francisco, tida como a cidade mais verde do planeta. Entre centenas de iniciativas ambientais, como a criação da mais antiga organização conservacionista do mundo, o Sierra Club, fundado em 1892, 78 % do lixo é reciclado.

Quando nós, brasileiros, nos aproximaremos destes índices?

Quando nós, em Governador Valadares seremos exemplo para outras cidades? Apesar do valoroso trabalho da ASCANAVI, menos de 10% dos lares separam o lixo úmido do seco.

Quando entenderemos que um gesto tão simples quanto colocar um recipiente para o lixo seco na cozinha e por o conteúdo fora para a coleta nos dias certos pode ter consequências tão importantes? Não se trata só de uma boa prática ambiental, mas de uma prova de cuidado para com o próximo. O nosso lixo seco sustenta centenas de pessoas envolvidas na reciclagem na cidade, e ele pode significar o emprego e o conforto de famílias que antes trabalhavam no lixão. Reciclar é um gesto profundamente cristão.

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