
Vida
O dicionário Aurélio define vida como o conjunto de propriedades e qualidades graças às quais animais e plantas, ao contrário dos organismos mortos ou da matéria bruta, se mantém em contínua atividade, manifestada em funções orgânicas tais como o metabolismo, o crescimento, a reação a estímulos, a adaptação ao meio, a reprodução e outras. Uma definição mais concisa diria que todas as formas de vida compartilham a capacidade de usar energia para criar ordem a partir da desordem, do caos.
O cientista Lee Silver apresenta um conceito mais elaborado, definindo a vida como o produto da reprodução e da evolução, que usa energia para preservar as informações e a organização que definem um ser vivo. No caso de nós homens, a vida adquire, no entanto, uma complexidade singular, pois além dos processos básicos de uso de energia, de preservação de estrutura e de informações, somos os únicos seres vivos dotados de consciência. A vida, neste sentido especial, está no cérebro de cada um de nós, e nos 100 bilhões de neurônios e suas infinitas sinapses que nos propiciam a inteligência e a razão humana.
Sinapses Neurais Representação da Consciência
Num mundo de possibilidades infinitas, de erros e acertos, aceita-se na comunidade científica que a vida surgiu de moléculas orgânicas (baseadas no carbono) há cerca de 3,8 bilhões de anos, e por longos milhões de anos resumiu-se a organismos unicelulares, microscópicos. Os seres superiores, multicelulares, surgiram há 1,8 bilhões de anos, quando a atmosfera, já mais rica em oxigênio, permitiu o uso mais eficiente de energia e o desenvolvimento de criaturas complexas organizadas em tecidos e órgãos especializados.
Os seres procariontes e eucariontes
Hoje os biólogos englobam todas as formas de vida em três categorias, as Bactérias, os Archaea e os Eucaryotas. Os dois primeiros são procariontes, isto é, seres unicelulares sem núcleos definidos, e cujo material genético flutua em seu interior, onde também aparecem algumas organelas essenciais à vida da célula. Elas se reproduzem por divisão celular, e as células resultantes são clones do ser original. Vemos assim que a palavra clonagem, que causa espasmos em muitas pessoas, é usada pela natureza há bilhões de anos. Já os eucariotas têm núcleos celulares bem definidos, que abrigam o seu DNA, e várias organelas dentro de uma membrana, com várias formas e funções diferentes. Dos eucariontes surgiram os vegetais, os animais, entre os quais os mamíferos, como nós homens, os fungos, algas e protozoários, sendo que estes últimos também podem ser unicelulares.
Nesta época, os organismos evoluíam por mutações ocorridas naturalmente em seu DNA, mas com o aparecimento da reprodução sexual, a mistura de DNAs se tornou mais variada, e criaturas maiores e mais complexas surgiram no planeta, e durante o último bilhão de anos apareceram morcegos com radares, insetos protegidos por carapaças sólidas, predadores alados, dinossauros. Hoje são conhecidas e catalogadas pela ciência, cerca de 2 milhões de espécies vivas, mas com a contínua descoberta de novas formas de vida, este número pode chegar a 10 milhões de espécies, formando o exuberante arcabouço de vida no planeta.
Um exemplo desta fecunda proliferação de vida pode ser dada pelos besouros, dos quais se conhecem 290.000 espécies em todo o mundo, e numa única árvore da Amazônia foram catalogados 1.000 tipos diferentes, entre os quais alguns carnívoros, perfuradores de madeira e comedores de folhas. Os insetos são exemplo da mirabolante e criação de vida na Terra, pois existem neste momento 1 quintilhão de insetos vivos, que pesam cerca de 1 trilhão de quilos de matéria viva, muito mais que o peso de toda a humanidade.
Nenhuma forma de vida existente, no entanto se iguala à complexidade e à beleza da revolucionária vida humana, que, com seu conjunto de 100.000 genes em duas cópias contidas em 23 pares de cromossomos, trilhou o longo e inédito caminho da inteligência e da consciência. Estas faculdades, que poderão no futuro ser usadas pela engenharia genética, nos tornam independentes das mutações e cruzamentos genéticos reprodutivos naturais, e vão abrir as portas da evolução autogerada, que pode curar doenças, gerar filhos de acordo com o desejo dos pais, retardar a velhice, gerar pessoas capazes de viver em climas diferentes do nosso, como em Marte, ou pessoas capazes de se alimentar de energia solar, etc…
A dádiva da inteligência e da razão
Mais do que nunca, a humanidade terá que fazer valer suas grandes dádivas evolutivas, a inteligência e a razão. A inteligência tem sido aplicada com grande sucesso com o desvendamento de leis naturais, como a evolução, a maravilhas de estrelas e galáxias, a lei da gravidade, a relatividade de Einstein, as leis da genética e tantas outras.
Questões mais delicadas, como a possibilidade de gerência genética, inteligência artificial, cura de doenças por manipulação de cromossomos vão depender da razão humana, que alguns definem como a faculdade de captar o significado dos mistérios que nos cercam. Outros concebem a razão humana como uma faculdade crítica a serviço de objetivos éticos. A ética traz consigo as noções de bem e de mal. E todos concordam que o bem é a preservação, a elevação e a glorificação da vida, a ser defendida a qualquer custo. A presente crise trazida pela pandemia de um vírus dá um sentido a esta noção; a preservação da vida está acima da política, das ideologias, das religiões, e todos os países juntam esforços para debelá-la, mesmo com o risco da bancarrota econômica.
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